terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Crítica Textual - Os Originais.

 




Muitos estudiosos concordam que há mais manuscritos que apoiam o Novo Testamento do que qualquer outro corpo literário antigo. Acima de cinco mil manuscritos gregos, oito mil manuscritos latinos e muito mais em outros e em outras línguas certificam a integridade do Novo Testamento. Além disso, nenhum outro documento da antiguidade sequer chega próximo desses números e atestação. Em comparação, a Ilíada de Homero é o segundo com apenas 643 manuscritos que ainda sobrevivem. Além disso, para ser cético do texto resultante dos livros do Novo Testamento é admitir todos os clássicos da antiguidade caírem para a obscuridade, pois nenhum documento do período antigo é tão bem atestado biograficamente como o Novo Testamento.


A informação acima demonstra a confiabilidade textual do Novo Testamento. Mas, isso não significa que não haja variantes entre esses manuscritos. De fato, conforme o estudioso do NT Bruce Metzger: “Dos, aproximadamente, cinco mil manuscritos gregos, de todo ou parte do NT que são conhecidos hoje, dois não concordam exatamente em todas particularidades.” O processo de peneirar através desses manuscritos e variantes é conhecido como CRÍTICA TEXTUAL. E, esse é o ramo mais importante e fascinante de estudo, cujo objetivo é determinar o mais exatamente possível a partir das evidências disponíveis nas palavras originais dos documentos em questão. Essa é uma introdução muito breve da crítica textual, o ramo mais importante e fascinante de estudo.


TIPOS DE MANUSCRITOS.

A primeira questão a ser examinada é o que se entende por manuscrito. Um manuscrito é simplesmente uma cópia manuscrita do Novo Testamento datada antes da invenção da impressão (meados de 1400). Essas podem ser cópias de todo o Novo Testamento (NT), porções dele (como apenas os Evangelhos ou apenas as Epístolas de Paulo) ou simplesmente fragmentos de um livro do NT. Eles são de vários tipos:

PAPIROS.

Os primeiros manuscritos são conhecidos como papiro. Eles são chamados assim porque foram escritos em papiros. Esse material era produzido da planta de papiro. Tiras da planta focam colocadas ao lado e por cima de outra, umedecidas e pressionadas juntas e cortadas no tamanho desejado. Geralmente, essas folhas eram organizadas em pergaminhos. Mas os primeiros cristãos, ao invés de organizarem como pergaminhos, os dobraram no centro e os uniram ao que é conhecido como “códice”. Até o momento, 88 papiros foram catalogados. Por sua vez, esses datam do segundo ao oitavo século. 41 foram do segundo ao quarto século. O primeiro é um fragmento do Evangelho de João e é datado por volta de 125 d.C. O fragmento contém João 18.31–33, 37, 38. Agora é exibido na Biblioteca John Rylands em Manchester. Os papiros são catalogados por um “p” de aparência elegante e um número sobrescrito. O fragmento da Biblioteca John Rylands é o número 52. No quarto século, o pergaminho começou a ser usado. Eles foram feitos de pele de animal. Os cabelos e a carne eram removidos e a pele aparada, polida e amaciada com cal e pedra-pomes. O pergaminho foi utilizado até o papel se tornar popular no século XII.

UNCIAIS.

Os unciais são o primeiro tipo de manuscrito escritos em pergaminhos. Eles são chamados assim por causa que o texto inteiro era escrito em gregas maiúsculas. Cerca de 290 unciais foram identificados. Eles datam do quarto ao décimo quinto século. Os dois primeiros são o “
Codex Sinaiticus” e o “Codex Vaticanus”. Eles recebem o nome de mosteiros no Monte Sinai e no Vaticano, respectivamente. Ambos datam do começo do quarto século. Essas também são as primeiras cópias completas conhecidas da Bíblia. Elas também são conhecidas como, “Aleph” (a primeira letra do alfabeto hebraico) e “Beta” (a segunda letra do alfabeto grego), respectivamente. Elas são designadas com sucessivas letras maiúsculas inglesas e um número, com um “0” como o primeiro dígito. Por exemplo, “Beta” é designada por B 03. O próximo uncial mais antigo é o “Codex Alexandria” do quinto século e é designado como “A 02”. A única exceção é “Aleph” que usa a letra hebraica “Aleph” ao invés de uma letra inglesa.

MINÚSCULOS.

O próximo tipo de manuscrito são os minúsculos. Eles são assim chamados porque foram escritos em letras pequenas com maiúsculas usadas apenas como na escrita moderna. Eles também são chamados de cursivas (corridas) porque eles foram escritos em escrita corrida. Os minúsculos são datados do nono ao décimo quinto século. O mais antigo é do ano 835 e está localizado na Biblioteca Pública de Leningrado. São cerca de 2.800 manuscritos minúsculos conhecidos. Eles são apenas enumerados consecutivamente. Além dos textos atuais do NT grego, há três fontes adicionais para serem consultadas na critica textual.

LECIONÁRIOS.

A primeira fonte adicional são os lecionários. Eles contêm porções das Escrituras que tem sido divididas em leituras para os cultos eclesiásticos. São aproximadamente 2.200 lecionários conhecidos. Eles datam do nono ao décimo quinto século e são designados por um “l” chique com um número sobrescrito.

CITAÇÕES PATRÍSTICAS.

A segunda fonte adicional são as citações patrísticas. Elas são citações do NT em comentários e outros escritos dos Pais da Igreja (líderes da igreja durante os séculos seguintes aos Apóstolos). O uso dele na crítica textual pode ser difícil, pois não podemos sempre determinar se o escritor estava copiando a citação bíblica diretamente do texto, citando da sua memória ou simplesmente fazendo uma alusão a um verso da Escritura. Existem dezenas de Pais da Igreja que podemos recorrer. Alguns dos mais importantes são: Clemente de Roma (c. 95), Inácio (d. 117), Tertuliano (c. 160–220), Orígenes (185–254), Clemente de Alexandria (antes de 215), Hipólito (d. 235), Irineu (c. 250), Ambrósio (c. 340–397), Crisóstomo (344–407) e Agostinho (354–430). Várias abreviações são usadas para designar essas e outras citações patrísticas.

VERSÕES ANTIGAS.

A última fonte adicional são as versões antigas. Essas são traduções do NT grego para outras línguas. A mais importante dessas sãos as versões antigas em latim. Provavelmente a primeira tradução do NT para o latim ocorreu por volta de 200 d.C. O manuscrito mais antigo dessa versão é do século quarto. 50 manuscritos foram catalogados. Eles são designados por “it” (de Ítala) com uma letra sobrescrita. O próximo em importância é a Vulgata. Essa tradução para o latim foi o trabalho, pelo menos em parte, de Jerônimo (c.345–420). Se tornou a versão oficial da Igreja Católica Romana. Isso representa as mais de 8.000 cópias existentes. O mais antigo é do século quarto. Eles são designados por “Vg” e uma letra sobrescrita. Outras línguas para o qual o NT for traduzido nos primeiros séculos são: Sírio, Copta, Armênio, Georgiano, Etíope, Gótico, Árabe entre muitos outros. Várias abreviações são usadas para cada língua (informações acima extraídas de Aland, Texto, 56, 57, 75–217, Barker, 53–57 e gráficos do texto UBS).

FAMÍLIAS TEXTUAIS:

Portanto, existem milhares de manuscritos para determinar o texto do NT. Destes, mais de 85% do texto encontrado em TODOS os manuscritos é idêntico. Então, novamente, o texto do NT é muito bem atestado. No entanto, ainda há 15% do texto no qual há variantes entre os manuscritos. Quando essas variantes são comparadas, torna aparente que os manuscritos se dividem em, finalmente, duas “famílias”.

As diferenças mais importantes podem ser observadas entre as famílias textuais, embora haja pequenas variantes entre os manuscritos dentro de um tipo específico de texto. O primeiro dessas famílias textuais é o “Bizantino”. É assim chamado, pois esse é o tipo de texto que a igreja bizantina (oriental, de fala grega) usou ao longo de sua existência. Textos do tipo bizantino incluem a vasta maioria dos manuscritos. Muitos dos unciais, minúsculos e versões mencionados acima, refletem esse tipo de texto. Esses manuscritos são geralmente “tardios” (i.e. datados depois do século quarto). Mas alguns são mais antigos e poucos papiros são também classificados aqui. A segunda maior família textual é o “Alexandrino” (nomeado depois da cidade egípcia). Apenas um punhado de manuscritos refletem esse tipo, mas muitos desses são “primitivos” (i.e. datado do quarto século ou antes). Os Codex Sinaiticus Vaticanus refletem esse tipo, junto com alguns papiros. Dois tipos de texto menos importantes são o “Ocidental” e o “Cesariano”. Há divergências entre os estudiosos sobre se estas constituem mesmo famílias separadas.

TEXTOS GREGOS E VERSÕES DA BÍBLIA:

Há um debate acalorado sobre qual das duas principais famílias textuais acima, reflete melhor os autógrafos (os textos originais realmente escrito pelos apóstolos). E esse desacordo levou para o desenvolvimento de dois textos gregos diferentes para os quais traduzir o NT. O primeiro é o “Texto Majoritário” (TM). É assim chamado, pois é desenvolvido com o pressuposto de que, sob a providência de Deus, a melhor leitura foi preservada na MAIORIA dos manuscritos. Com esse pressuposto, o TM inevitavelmente reflete o tipo de texto bizantino.

O “Textus Receptus” (TR) é muito similar ao TM. Esse foi o texto grego do qual a monumental Versão King James de 1611 foi traduzida. Mais recentemente, a Nova Versão King James foi traduzida do TR. Duas versões modernas menos conhecidas também são baseadas em um texto do tipo TR/TM. Elas são a Tradução Literal da Bíblia e a Moderna Versão King James.

Outra versão moderna do texto grego é chamada de “Texto Crítico” (TC) pois é desenvolvida pelos CRÍTICOS textuais. Os princípios basilares desse texto foram desenvolvidos por B. F. Westcott e F. A. Hort no final de 1800. Esses princípios incluíam a ideia que o texto do NT deveria ser abordado como qualquer outro livro antigo. Sendo assim, de acordo com Westcott e Hort, os manuscritos seriam “pesados, não contados”. A principal consideração ao “pesar” um manuscrito é sua idade, quanto mais antigo, melhor. Dado esse princípio, o texto grego deles reflete principalmente o tipo de texto alexandrino. A “Versão Revisada” de 1881 foi baseada nesse tipo de texto grego.

Hoje, a 26º edição do texto grego Nestle/Aland e a terceira edição do texto da Sociedade Bíblica Unida (UBS)[1] são similares ao texto de Westcott e Hort. Os livros contêm cada um desses textos, também contêm um número extensivo de gráficos e aparatos para fazer estudos textuais. Sempre que ocorre variações no texto, o aparato na parte inferior da página indica quais manuscritos possuem qual leitura pelo uso dos símbolos mencionados. Os gráficos providenciam informação sobre as datas e os conteúdos dos vários manuscritos referidos. Geralmente, nas notas de rodapé, todos os manuscritos alexandrinos são listados. Mas apenas uma amostra dos textos bizantinos é listada, pois o maior número deles impede a listagem de todos. E finalmente, muitas versões modernas são baseadas no TC. Entre essas estão a New American Standard Bible, a New International Version e a New Revised Standard Version (as informações acima foram colhidas de muitas fontes).[2]

VARIANTES TEXTUAIS:

Como anteriormente mencionado, 15% do texto do NT difere entre os manuscritos. Porém, dessas variantes, mais frequentemente do que não, é fácil determinar qual leitura é um “erro” e qual é a correta. Sendo assim, os textos gregos publicados, mencionados acima são muito semelhantes no manuseio das variantes. O TR concorda com o TM em 99% das vezes em seu tratamento das variantes e o TC concorda com o TM 98% das vezes. Então há apenas 1–2% de diferença no geral entre esses textos gregos publicados. Além disso, a maioria das variantes entre os manuscritos e entre os textos gregos mencionados acima são insignificantes, existe algumas variações na ortografia das palavras gregas, na ordem das palavras e em detalhes semelhantes. Normalmente, elas não aparecem na tradução e não afetam o sentido do texto de forma alguma.

A seguir estão exemplos desses tipos de variantes que podem ser observadas comparando uma versão baseado no TM (ou TR) com uma baseada no TC. A leitura TM será dada primeiro e a leitura TC depois.

Primeiro, em Mateus 13.55 o nome de um dos meios irmãos de Jesus é “Joses” no TM, mas “José” no TC. A diferença é apenas uma letra no grego. No TM o nome termina com um “sigma” enquanto no TC com um “phi”. Os sons são mais ou menos semelhantes. Aliás, o nome do padrasto de Jesus era José, é fácil perceber como um escriba poderia assumir que algum dos meio-irmãos de Jesus também poderia se chamar José e interpretou mal a palavra. E pequenas diferenças na ortografia dos nomes próprios são responsáveis por uma grande parte das variantes encontradas entre os manuscritos do NT. Segundo, um caso simples de mudança na ordem da palavra pode ser observado em Lucas 17.23. No TM, os falsos profetas gritam: “Olhem aqui! ou Olhem lá!”, mas no TC o grito é: “Olhem lá! ou Olhem aqui!” Não é um abismo de diferença exatamente. E finalmente, em Atos 1.8, Jesus ou ordena que os cristãos seja testemunhas “para mim” ou “de mim”. Novamente, no grego, a diferença é uma letra. Aliás, as palavras gregas envolvidas são homônimas (moi vs. Mou).

Como os primeiros escribas costumavam ler o texto enquanto o copiavam, ou o texto era ditado em uma sala cheia de escribas, a razão para essa variação é óbvia. Aliás, esse escriba escrevia frequentemente a palavra errada quando ela soava exatamente como outra. Particularmente o problema esteve entre “o texto” vs. “as cópias”.

Ademais, muitas variantes textuais são similares aos exemplos acima. E alguém que já digitou muito ou fez várias cópias manuais pode facilmente entender como erros simples podem ser cometidos. Mas quando alguém lê o texto, o erro é geralmente percebido. É o mesmo com as variantes gregas. Em muitos casos, qual variante é correta é óbvio, e ambos o TM e o TC têm a mesma leitura.

Além disso, “Felizmente, se o grande número de manuscritos aumenta o número de erros, aumenta proporcionalmente o meio de corrigir esses erros, para que a margem de dúvidas deixada no processo ou a recuperação do texto original exato não seja tão grande quanto se pode temer; é na verdade incrivelmente pequeno.” (Bruce, 19).

Assim, quando há diferenças entre manuscritos, muito frequentemente ou não, a leitura correta é facilmente determinada. E mesmo quando não, a variante é geralmente insignificante. Contudo, há algumas variantes importantes. E para esses, a evidencia é frequentemente dividida sobre qual é a leitura original. E, frequentemente, o TM segue uma leitura enquanto o TC, outra. E é por causa disso que há debate acalorados entre os estudiosos, sobre se o TM ou TC refletem melhor o original. Mas, em casos como esses, a maioria das versões modernas fará nota de rodapé da variante. As notas de rodapé na NKJV são úteis nesse sentido. Nessa versão, quaisquer variantes significativas entre o TR em que se baseia, o TM e o TC são indicadas especificamente em suas notas de rodapé textuais.

CONCLUSÃO:

As razões para as diferenças entre o Texto Majoritário e o Texto Crítico são muito mais complicadas do que os pontos mencionados acima. E tentar decidir se o TM ou o TC reflete melhor os autógrafos, é ainda mais complexo, embora muito interessante. Aqui, apenas será enfatizado que:

Leitores da Bíblia podem estar seguros que as diferenças mais importantes nos Novos Testamentos Ingleses [ou qualquer outra língua] de hoje são devidas, não a manuscritos divergentes, mas com a maneira na qual o tradutor vê o desafio da tradução. Quão literalmente o texto deve ser apresentado? Como o tradutor vê a questão da inspiração bíblica?






segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

O Campo do Oleiro e as Trinta Moedas de Prata.

 




Wilma Rejane.


"Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, Dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo. E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar. E os príncipes dos sacerdotes, tomando as moedas de prata, disseram: Não é lícito colocá-las no cofre das ofertas, porque são preço de sangue. E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo de um oleiro, para sepultura dos estrangeiros. Por isso foi chamado aquele campo, até ao dia de hoje, Campo de Sangue. Então se realizou o que vaticinara o profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço do que foi avaliado, que certos filhos de Israel avaliaram, E deram-nas pelo campo do oleiro, segundo o que o Senhor determinou."  Mateus 27:3-10.

As trinta moedas.

Era o valor estimado por um escravo Êx 21:32. Profeta Zacarias havia previsto com precisão a negociação de Judas, 520 anos antes de acontecer:

Porque eu lhes disse: Se parece bem aos vossos olhos, dai-me o meu salário e, se não, deixai-o. E pesaram o meu salário, trinta moedas de prata. O Senhor, pois, disse-me: Arroja isso ao oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei ao oleiro, na casa do Senhor Zacarias 11:12-13.

Quem comprou o campo: judas ou anciãos e sacerdotes judeus? 

Há uma polêmica envolvendo esse tema, tudo porque no livro de Atos 1: 15-19, Pedro relata que "Judas adquiriu um campo com o salário da iniquidade Aceldama, isto é,, campo de sangue". Encontraremos muitas referências relacionando "campo de sangue" com Judas e sua morte.

Campos no Original Grego:

A palavra grega usada para descrever campo em Mateus 27 é "agros" =campo. No grego, o campo citado por Pedro em Atos é "chorion" = propriedade particular. A propriedade particular de Judas, pode ter sido comprada com dinheiro roubado, ele era tesoureiro e desonesto. O lugar ficou conhecido como "campo de sangue" por ter sido o local de seu suicídio:

"Ora, ele adquiriu um campo com o salário da sua iniquidade; e precipitando-se, caiu prostrado e arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram. E tornou-se isto conhecido de todos os habitantes de Jerusalém; de maneira que na própria língua deles esse campo se chama Aceldama, isto é, Campo de Sangue". 

Portanto, o campo adquirido por Judas, não é o mesmo descrito por Mateus.

Judas arrependido? 

Existem dois tipos de arrependimento: Um para vida eterna e outro passageiro, que não produz salvação, mas: remorso, amargura. A infelicidade de Judas foi provocada por sua rebeldia em relação a Deus, seu amor ao dinheiro:

  • Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males I Tm 6:10.
  • Deram-me mal pelo bem e ódio pelo seu amor. Põe acima de meu inimigo um ímpio, e Satanás esteja à sua direita. Sl 109:5-6 (sobre a traição de Judas)
  • Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte. 2 Coríntios 7:10.

Jeremias ou Zacarias?

Mateus diz que a profecia da venda de Jesus por trinta moedas, pertence a Jeremias. Não são poucos os estudiosos da Bíblia que afirmam está incorreta a citação: a profecia pertence a Zacarias e ponto final!

Não vejo, portanto contradição alguma em citar Jeremias e Zacarias como autores da profecia. Mateus apenas omite Zacarias, o que não quer dizer que tenha se enganado ou trocado o nome do profeta. Nos capítulos 18 e 19 do livro de Jeremias, encontramos clara referência a compra do "campo de Oleiro":

"Assim diz o Senhor: Vai e compra uma botija de oleiro, e leva contigo os anciãos do povo e os anciãos dos sacerdotes. E sai ao vale do filho de Hinom, que está à entrada da porta do Sol, e apregoa ali as palavras que eu te disser" Jr 19:1,2.

O "campo de sangue" adquirido pelos judeus, tem a mesma localização do citado por Jeremias : "Encontra-se em um nível terraço estreito na face sul do vale de Hinom. Seu nome moderno é Hak ed-damm ou Akeldamách

O vale de Hinom era um lugar de sacrifícios pagãos, crianças eram queimadas vivas no vale em oferenda a Maloque. Também chamado de "Tofete" ou "lugar alto" Jr 7:31.

Akeldamách

A terra nesse lugar é rica em barro e antigamente o lugar era preferido dos oleiros para ajuntar a matéria prima de suas peças. A argila da região tem uma coloração forte vermelha. O campo foi utilizado como cemitério para não judeus. Muito barro foi retirado de Akeldamách por Helena de Constantinopla e  proeminentes cristãos tanto para construção de casas como de sepulcros.

Atualmente no campo, existe um enorme sepulcro e um monastério, no centro uma larga coluna e um terraço que em seu lado sul fica o vale de Hinom (conforme descrito por Jeremias).

Simbologia de Akeldamách ou "Campo do Oleiro" 



Alguma vez você já se perguntou por que as trinta moedas de prata conquistadas de forma inescrupulosa por Judas Iscariotes e ofertada no templo, compraram o "campo do oleiro"? 

Encontrei aqui uma mensagem fabulosa !! É claro que Jesus valia muito mais, infinita e eternamente mais que as trinta moedas! Seu sangue pagou uma dívida que nem todas as moedas do mundo seriam suficientes para pagar! Com Sua vida, Jesus pagou nossos pecados, nossa morte. Ele nos devolveu a liberdade e a vida eterna, aleluia!!

Vi no "campo de Oleiro" uma bela analogia: O dinheiro pago por um escravo iria resgatar muitos estrangeiros, torná-los novos, moldados, vasos nas mãos do Oleiro, chamado Jesus.

O campo, repleto de barro, serviria para sepultamento dos gentios, mas os gentios, não seriam mortos, sim restaurados como barro nas mãos do Oleiro. O campo de sangue, recebe esse nome, pela cor vermelha da terra e por representar a morte e derramamento de sangue de Jesus. Qual dos lugares pode receber o sangue de Jesus e não ser transformado por Ele?

O sangue de Jesus esteve nas portas das tendas dos israelitas quando da instituição da primeira Páscoa. Esteve representado na porta da meretriz Raabe (em um cordão vermelho) esteve em Akeldamách para salvação dos gentios!

Nenhum detalhe que envolveu a morte e ressurreição de Cristo foi vão. Da dor da morte e da alegria da ressurreição, a minha e a sua salvação. O "campo do Oleiro" também teve sua mensagem restauradora.

Todas as fontes como links e ainda: Bíblia de Estudo Plenitude, revista e corrigida, SBB, 1995

Uma Breve Introdução ao Estudo da Crítica Textual do Texto Bíblico.

 




Data publicação 14/12/2020.

Uma Breve Introdução ao Estudo da Crítica Textual do Texto Bíblico.

Pastor Washington Roberto Nascimento.

A crítica textual bíblica é muito importante, mas tem sido mal compreendida. Uma das razões é porque o termo crítico tem popularmente uma conotação negativa. Porém, a palavra – crítica - no estudo dos textos e em especial da Palavra de Deus, tem o sentido de separar, avaliar os diferentes manuscritos segundo alguns critérios acadêmicos.

Por causa da carga negativa que a palavra “crítica” traz, alguns preferem falar de manuscritologia bíblica em vez de crítica textual da Bíblia ou Baixa Crítica.  

Tal estudo crítico do texto bíblico requer uma análise equilibrada e decisões inteligentes, racionais, sensatas das questões, dos problemas na reconstrução, obtenção, do texto bíblico original, o melhor texto possível, o texto mais correto. Este é o propósito do estudo da crítica textual da Bíblia.

Na verdade, a crítica textual não é restrita aos textos bíblicos, mas se aplica aos textos da literatura antiga em geral: religião, filosofia, história, arte etc.

Há posições radicais e equivocadas quando o assunto diz respeito à crítica textual da Bíblia

Há quem sustente que não há necessidade de qualquer crítica textual. Eles argumentam que Deus preservou Sua Palavra intacta por meio de certos manuscritos gregos e hebraicos. Esses manuscritos devem ser a base de todas as traduções feitas em outro idioma. Nenhum outro manuscrito deve ser consultado, exceto esses certos que foram providencialmente preservados.

Outros dizem que não há esperança de construir o texto bíblico original ou melhorar o texto bíblico que temos com o estudo da crítica textual. Argumentam que o melhor que podemos fazer é recuperar os últimos manuscritos dos livros bíblicos que foram escritos por outros que não aqueles que escreveram o texto bíblico original.

No entanto, cremos que a crítica textual deve ser praticada nos livros bíblicos porque não há um manuscrito, ou grupo de manuscritos, que preserva perfeitamente a leitura original.

Na verdade, nós não temos os manuscritos dos livros bíblicos originais. Eles foram perdidos. Os manuscritos eram em papiro e/ou pergaminho. O papiro tem a ver com uma planta cujos talos serviam para escrever. O pergaminho tem a ver com a pele de animais como o cordeiro, que servia para escrever.

Antes do século XV, todos os livros eram produzidos manualmente. Os documentos manuscritos são chamados de manuscritos (mss abreviado). Na verdade, a palavra “manuscrito” vem da palavra latina que significa: manu – mãos, mais scriptus – escrever - “algo que foi escrito à mão”. As únicas coisas que sobreviveram são cópias manuscritas de obras antigas. Quando escrito pela mão do autor denomina-se manuscrito autógrafo, os quais são inexistentes quando se trata dos livros da Bíblia, bem como dos autores da antiguidade gregos, romanos etc.

O manuscrito é avaliado em termos de idade, tipo e localização. Quando manuscritos de tempos, lugares, tipos e até mesmo línguas diferentes registram as mesmas coisas em termos essenciais com apenas erros de ortografia, tais documentos ganham grande peso em termos de credibilidade. Há manuscritos em hebraico, grego, latim, cóptico, aramaico, siríaco etc, de diferentes lugares tais como: Monte Sinai, Alexandria, Israel, onze cavernas em Qumran, às margens do Mar Morto, com mais de 930 fragmentos de manuscritos, etc. 

O manuscrito é definido como tal antes da invenção da prensa por Johannes Gutenberg no século XV – por volta de 1439. Ele foi o responsável pela invenção da impressa que permitiu a publicação de várias obras, ideias religiosas, científicas, econômicas etc. Sua relevância para o êxito da Reforma Protestante e da Revolução Científica é inquestionável. Gutenberg é considerado o pai da invenção mais importante do segundo milênio depois de Cristo.

Vejamos alguma coisa sobre o texto do Antigo Testamento.

A grande maioria do Antigo Testamento foi escrita originalmente em hebraico. Algumas partes foram escritas em aramaico, uma língua semelhante ao hebraico. As seções aramaicas do Antigo Testamento são encontradas em Daniel 2:4-7:28, Esdras 4:8-6:18; 7:12-26; e um versículo em Jeremias 10:11. O restante foi escrito na língua hebraica.

O hebraico bíblico também é conhecido como “hebraico clássico”. É interessante notar que o termo “hebraico” não é encontrado no Antigo Testamento para descrever a língua que era falada pelo povo de Israel. Em vez disso, temos outras designações. Isaías a chama de linguagem de Canaã. Nós lemos:

“Naquele dia, cinco cidades na terra do Egito falarão a língua de Canaã e jurarão lealdade ao Senhor dos Exércitos. Uma das cidades será chamada de Cidade do Sol”  (Is. 19:18).

É chamada de “a língua de Judá” no livro de Neemias. A Escritura diz:

“Metade de seus filhos falava a língua de Asdode ou a língua de um dos outros povos, e não sabia falar a língua de Judá” (Ne. 13:24).

Assim sendo, o Hebraico ou a língua de Canaã ou a língua de Judá é a linguagem que Deus escolheu para revelar Sua Palavra à humanidade antes da vinda de Jesus Cristo, o tão esperado e prometido Messias, à terra.

Não temos como negar a necessidade do estudo da crítica textual do Antigo Testamento.

Os livros do Antigo Testamento foram escritos aproximadamente a partir de 1400 a.C. a 400 a.C. Os originais autógrafos dos livros escritos há tanto tempo já desapareceram há muito tempo. A fim de reconstruir o que o texto original do Antigo Testamento temos que aplicar os princípios da crítica textual. Não temos outra escolha.

Portanto, a crítica textual para o Antigo Testamento é necessária por várias razões:

O primeiro livro do Antigo Testamento foi escrito há cerca de 3.400 anos e o último há cerca de 2.400 anos. Portanto, a escrita do Antigo Testamento abrangeu aproximadamente 1.000 anos.

Os originais de cada livro nós não temos mais e as cópias que possuímos diferem em alguns aspectos. Não existem dois manuscritos exatamente iguais. Portanto, o crítico textual deve fazer seu trabalho para reconstruir o texto.

A situação do texto bíblico do Novo Testamento não é melhor que a do Antigo Testamento. Temos necessidade da crítica textual do Novo Testamento tanto quanto do Antigo Testamento para a reconstrução do texto bíblico.

No primeiro século, o grego era a língua internacional. Os livros do Novo Testamento foram originalmente escritos no grego comum da época, chamado koine. Eles foram compostos de aproximadamente 50 a 90 d.C.

Hoje, não possuímos os autógrafos (originais) dos vários livros do Novo Testamento. Como acontece com o Antigo Testamento, dependemos de cópias e cópias de cópias para reconstruir o texto. Novamente, devemos aplicar a ciência da crítica textual ao Novo Testamento para descobrir a redação original do texto.

Portanto, de uma maneira resumida, podemos dizer que a crítica textual do Novo Testamento também é necessária por várias razões básicas, entre elas temos essas:

Primeiro: Não possuímos nenhum dos escritos originais do Novo Testamento. Como no Antigo Testamento, dependemos de cópias para reconstruir o texto original ou para melhor a qualidade do texto de manuscritos que temos.

Segundo: As cópias dos manuscritos do Novo Testamento que possuímos diferem em alguns aspectos umas das outras por causa de erros daqueles que produziram a cópia. Tais erros se infiltraram no texto e se assim se firmaram ao longo dos anos. Como acontece com o Antigo Testamento, não existem dois manuscritos exatamente iguais. Embora as diferenças sejam principalmente acidentais, existem diferenças entre os manuscritos.

Terceiro: Há um número assustador de manuscritos bíblicos. No caso do Novo Testamento, há muito material para avaliar. Só manuscritos gregos do Novo Testamento nós temos cerca de 6 mil. Além disso, precisamos dizer que o Novo Testamento foi traduzido desde muito cedo para várias línguas entre elas o latim. Há cerca de 10 mil manuscritos em latim por causa do crescimento da Igreja de Cristo nas regiões onde o latim era a língua dominante.

Há, também, manuscritos do Novo Testamento em línguas antigas tais como: aramaico, árabe, siríaco, cóptico, que é de uma população cristã egípcia do Monte Sinai, gótico, etc. Nessas outras línguas há cerca de 10 mil manuscritos

Portanto, há milhares de variações textuais, mas isso longe de ser contra a autenticidade e verdade, fidelidade do texto, é um testemunho a favor.

Neste debate, é importante esclarecer o sentido de uma variação textual. O que isso significa? Quando falamos sobre variação textual o que se quer dizer é o seguinte:

É uma palavra que foi escrita com alguma letra diferente.

Ou uma palavra que foi escrita faltando alguma letra.

Ou uma palavra com alguma letra a mais.

Qualquer um desses “erros” acima mencionados é contado como uma variação textual. E, um dos erros mais comuns diz respeito a letra grega: N (pronuncia: nú ou ni – letra maiúscula) ν (pronuncia: nú ou ni – letra minúscula) que é usada no final de algumas palavras que antecedem palavras que começam com vogal, mas que a rigor não afeta em coisa alguma o significado da palavra, frase ou texto. Essa letra é conhecida como o ( ν = nú ou ni )  n móvel.

Para entender o número de variações textuais precisamos considerar o seguinte: O Novo Testamento tem cerca de 140 mil palavras. (ou em termos exatos: 138 mil e 162 palavras).

Há cerca de 400 mil variações no Novo Testamento. Para cada palavra do Novo Testamento há cerca de 2 variações e meia. Quase cem por cento dessas variações textuais não alteram coisa alguma na compreensão do texto. Poucos são os textos com dificuldade maior e mesmo assim, tais textos, não comprometem o entendimento geral dos ensinos fundamentais da Bíblia, pois caso eles fossem retirados da Bíblia as doutrinas cristãs permaneceriam intactas em termos essencias. Entre esses textos, temos, por exemplo, o Evangelho de Marcos 16:9-20; o Evangelho de João5:4; 7:53-8:11 e Apocalipse 13:18, onde o número da besta em mais de um dos manuscritos é 616 e não 666 (veja: Códex Vaticanus e Códex Sinaiticus séc. IV d. C, Papirus 115 séc. III d. C, entre outros documentos). Esses textos acima mencionados não aparecem em alguns manuscritos de grande credibilidade, embora apareçam em muito outros manuscritos.

Alguém poderia perguntar a razão de tantas variações textuais. A resposta é a seguinte: Há muitas variações textuais porque há muitos manuscritos. Se tivéssemos apenas um manuscrito, não teríamos nenhuma variação.

Para muitos escritores clássicos da Antiga Grécia e da Antiga Roma, há escritores que escreveram em grego e latim, alguns têm apenas um manuscrito de suas obras e outros menos de vinte cópias. Por isso, nas variações são pequenas e em caso de apenas uma cópia de manuscritos não há variação alguma, pois o que se tem é só um manuscrito. Há diferença entre o número de cópias de manuscritos dos escritores da antiguidade gregos e romanos, com o número de manuscritos bíblicos e em especial do Novo Testamento é assustadora, gigantesca.  

Por exemplo, vamos apresentar alguns escritores famosos da antiguidade e quando e uma cópia de seus manuscritos foi encontrada para que possamos comparar com as cópias dos manuscritos bíblicos:

Gaius Plinius Secundus (23 -79 d. C), chamado Plínio, o Velho, que viveu no mesmo tempo de Jesus Cristo e seus apóstolos e/ou escritores do Novo Testamento, foi um autor romano, naturalista e filósofo natural, comandante naval e militar do início do Império Romano e amigo do imperador Vespasiano. Ele escreveu a enciclopédica Naturalis Historia (História Natural), que se tornou um modelo editorial para enciclopédias. Ele passou a maior parte de seu tempo livre estudando, escrevendo e investigando fenômenos naturais e geográficos. Só depois de sete séculos encontram um único manuscrito sobre sua obra. Caso isso tivesse ocorrido com os escritos bíblicos, eles teriam sido totalmente desprezados e viveriam eternamente sob suspeitas.

Plutarco (em grego clássico: Πλούταρχος) ou Lúcio Méstrio Plutarco (em latim: Lucius Mestrius Plutarchus - em grego, Λούκιος Μέστριος Πλούταρχος – 46-120 d. C), foi um historiador, biógrafo, ensaísta e filósofo médio platônico grego, conhecido principalmente por suas obras Vidas Paralelas e Morália, que viveu, portanto, no mesmo tempo dos escritores do Novo Testamento, teve uma cópia de manuscrito de sua obra encontrada apenas oito séculos mais tarde.

Flávio Josefo, um autor judeu do primeiro século (37-100 d. C), que nasceu em Jerusalém, muito importante e muito citado como autoridade na história dos judeus, que inclusive faz citações a Jesus, ao seu irmão Tiago e ao apóstolo João. Pois, só tivemos uma cópia de seu manuscrito depois de oito séculos.

Políbio (Grego: Πολύβιος, Polýbios; c. 200 - c. 118 a. C) foi um historiador grego do período helenístico conhecido por sua obra: As Histórias, que cobriu o período de 264–146 a.C., em detalhes. A obra descreve a ascensão da República Romana ao status de domínio no antigo mundo mediterrâneo. Inclui o relato de uma testemunha ocular sobre o Saque de Cartago e Corinto em 146 a.C., e a anexação romana da Grécia continental após a Guerra Aquéia ou Acaia.

Políbio é importante para sua análise da constituição mista ou a separação de poderes no governo, que teve influência em O Espírito das Leis do escritor francês Montesquieu (1748) e nos redatores da Constituição dos Estados Unidos. Ele também foi conhecido por testemunhar algunss eventos que registrou.

O principal especialista em Políbio foi F. W. Walbank (1909–2008), que por 50 anos publicou estudos relacionados a ele, incluindo um longo comentário de suas Histórias e uma biografia. Uma cópia de seu manuscrito só foi encontrada doze séculos mais tarde.

 Heródoto (em grego, Ἡρόδοτος) foi um geógrafo e historiador grego, continuador de Hecateu de Mileto, nascido no século V a.C. Foi o autor da história da invasão persa da Grécia nos princípios do século V a.C., conhecida simplesmente como As histórias de Heródoto. Esta obra foi reconhecida como uma nova forma de literatura pouco depois de ser publicada.

Antes de Heródoto, tinham existido crónicas e épicos, e também estes haviam preservado o conhecimento do passado. Mas Heródoto foi o primeiro não só a gravar o passado, mas também a considerá-lo um problema filosófico ou um projeto de pesquisa que podia revelar conhecimento do comportamento humano. Sua obra deu-lhe o título de "pai da história" e a palavra que utilizou para o conseguir, historie, que previamente tinha significado simplesmente "pesquisa", tomou a conotação atual de "história". Só depois de quinze séculos cópias de seus manuscritos foram encontradas.

Xenofonte (em grego clássico:  Ξενοφῶν; ca. 430-450 a.C.) foi soldado grego e discípulo de Sócrates. Ele foi autor de inúmeros tratados práticos sobre assuntos que vão desde equitação a tributação, ficou conhecido pelos seus escritos sobre a história do seu próprio tempo e pelos seus discursos do grande filósofo Sócrates.  Tivemos que esperar dezoito séculos para encontramos cópias de suas obras.

Se o Novo Testamento tivesse seus manuscritos encontrados em tempos tão posteriores como os casos mencionados acima, isto é, caso tivéssemos encontrado cópias dos manuscritos do Novo Testamento apenas vários séculos mais tarde e cuja produção, a confecção, o registro dos mesmos fosse igualmente bem posterior, creio que poucas pessoas dariam credibilidade aos documentos encontrados. Contudo, quando vemos os números de cópias dos manuscritos do Novo Testamento em particular e da Bíblia como um todo, percebemos, com base em fatos, que temos mais de mil por cento de razão para crermos na autenticidade e verdade do texto bíblico em comparação com todos esses escritores da antiguidade e que são considerados fontes fidedignas pelos estudiosos seculares. Se esses nos dizem que precisamos ser céticos com respeito aquilo que os escritores do Novo Testamento nos legaram, então, precisamos responder que precisamos também ser incrédulos quanto a existência e ensino de tudo aquilo que os escritores clássicos da Antiguidade ensinaram e escreveram. Informações sobre Sócrates; Alexandre – o grande; Júlio César, etc, precisam e devem estar sob suspeitas. Pois as informações sobres essas personagens vieram bem mais tarde e em muito menos material, manuscritos, que o Novo Testamento em particular e a Bíblia como um todo.

Há, por exemplo, um manuscrito do Novo Testamento conhecido como P52. Trata-se de um papiro da Biblioteca de Rylands ou Papiro Biblioteca Rylands (Papyrus Ryl. Gr. 457), conhecido como o "fragmento de São João", é um fragmento de papiro exposto na Biblioteca de John Rylands, Manchester, Reino Unido, texto escrito em grego antigo, o papiro contém parte do capítulo 18 do Evangelho Segundo João, estando, na frente, os versículos 31-33 e, no verso, os versículos 37 e 38.

Alguns historiadores, paleográficos, filólogos, afirmam que o papiro com o texto do Evangelho de João (18:31-33,37-38), teria sido escrito entre o período de 100 a 125 d. C.

Esse manuscrito foi amplamente aceito como o texto mais antigo de um evangelho canônico, tornando-se assim, o primeiro documento que se refere à pessoa de Jesus. Esse manuscrito que conta parte da história de Jesus Cristo, remonta a poucos anos após a morte de seu apóstolo João. Essa evidência dá testemunho eloquente da existência histórica da pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Além desse manuscrito, P52, há dezenas de outros que datam do segundo século d. C.

O papiro 66, que se encontra na Suíça, na Biblioteca Bodmeriana, por exemplo, contém o Evangelho de João quase completo, e fala da divindade de Jesus, data de 166 d. C. E há outras dezenas de manuscritos, também antigos,  que afirmam a mesma coisa sobre a pessoa de Jesus e a Igreja de Cristo – P75 (data de 175 d. C), que também está na Suíça, é um exemplo de manuscrito que tem textos do Evangelho de Lucas e João incluindo, é claro, o capítulo 1 - No princípio era o verbo e o verbo estava com Deus e o verbo era Deus - Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ Λόγος, καὶ ὁ Λόγος ἦν πρὸς τὸν Θεόν, καὶ Θεὸς ἦν ὁ Λόγος. E, o manuscrito P46, que está na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, tem textos das Cartas do Apóstolo Paulo e da Carta aos Hebreus, e data do segundo século.

 A Bíblia conhecida como King James, que data sua primeira edição de 1611, foi traduzida com base em manuscritos gregos que datam do século XI.

A grande produção de manuscritos do Novo Testamento aponta para o caráter sobrenatural do texto bíblico. Os crentes primitivos, ao ouvirem ou lerem os textos bíblicos, ficavam tocados de tal maneira com o que ouviam e liam, que não resistiram ao ímpeto de copiarem o texto sagrado para compartilhá-lo com outros crentes. Deus estava presente nesse processo, o Seu Espírito operava e fazia Sua Igreja viva, ao invés de morta; dinâmica, ao invés de estática; em ação, em movimento.

Há um fato muito importante sobre as variações textuais das passagens bíblicas. Os tipos de variações textuais não são sobre temas importantes, cruciais da fé cristã, tais como: o nascimento de Jesus por meio da virgem Maria; a morte de Jesus na Cruz; a Ressurreição de Jesus; a vida sem pecado de Jesus; a divindade de Jesus; a pessoa do Espírito Santo. Todos os manuscritos registram esses textos. Não temos manuscritos que omitem tais textos importantes para a fé cristã ou que fazem o seu registro negando ou distorcendo.

Assim sendo, todos os ensinos teológicos importantes para a Igreja de Jesus Cristo não se encontram sob suspeitas. Não há nenhuma variação textual que contradiga ou negue tais ensinos ou doutrinas cristãs. Nossa fé, portanto, tem como base fatos, documentos, que foram preservados pelo Senhor ao longo da história.

Além disso, é importante que se diga, os pais da Igreja, que viveram no segundo e terceiro e quinto século depois de Cristo, fizeram várias citações do texto bíblico que chegam a um número superior de um milhão. Eles foram teólogos que defenderam a fé cristã dos ataques dos incrédulos ou hereges e suas obras ficaram conhecidas como teologia patrística. Entre eles temos: Clemente de Roma (Séc. I); Inácio de Antioquia da Síria (Séc. I); Policarpo de Esmirna (Séc. II); Irineu de Lyon (Séc. II); Clemente de Alexandria (Séc. II); Orígenes de Alexandria (Séc. III); Eusébio de Cesareia (Séc. III e IV); Atanásio de Alexandria (Séc. IV); Agostinho de Hipona (Séc. IVe V); Cirilo de Alexandria (Séc. V) etc.  Suas citações dariam para reconstruir em termos essenciais o Novo Testamento mais do que uma vez.

Antes que qualquer tipo de interpretação bíblica possa começar, devemos primeiro determinar o que o texto disse originalmente. Portanto, a crítica textual da Escritura é uma necessidade absoluta para a determinação da credibilidade do texto bíblico e para a sua consequente e oportuna hermenêutica. Ela contribui para a credibilidade da Palavra de Deus para a provar sua inerrância e para o fortalecimento de nossa fé. Visto que as Escrituras são o próprio alicerce da fé cristã, certamente não pode haver uma tarefa mais importante do que usar os dons de conhecimento e materiais - na forma de milhares de manuscritos - para descobrir mais uma vez as próprias palavras que nosso Senhor inspirou os autores da Escritura para escrever.

Há algumas observações sobre a importância da crítica textual que precisamos deixar bem esclarecidas: A crítica textual não se limita à Bíblia, como já falamos antes. Ela serve para qualquer texto de qualquer autor. Não existem originais de qualquer um dos escritores clássicos como Platão, Aristóteles ou Eurípides. Da mesma forma, nenhum dos escritos originais dos primeiros cristãos existe, ou mesmo as obras originais de William Shakespeare. Portanto, a crítica textual é uma disciplina que é usada para qualquer trabalho antigo ou moderno onde os originais desapareceram.

As regras pelas quais o estudante da crítica textual busca descobrir o texto original de um documento são as mesmas para a Bíblia e para documentos não bíblicos. Não existem regras especiais que precisam ser aplicadas ao tentar reconstruir o texto das Escrituras. O texto da Bíblia é avaliado e reconstruído da mesma maneira que avaliaríamos os escritos do poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare (Séc. XVI d. C) ou do filósofo grego Platão (Séc. V a. C).

Claro, isso não significa que a Bíblia e Shakespeare tenham o mesmo valor. A Bíblia é, para nós, crentes em Cristo Jesus, única no fato de que é a revelação de Deus para a raça humana. No entanto, para reconstruir o texto de cada documento, os mesmos princípios devem ser aplicados.

A crítica textual é praticada por crentes e não crentes. Embora eles possam discordar quanto à natureza da Bíblia, não há discordância quando se trata do assunto da crítica textual. Ambos usam o mesmo texto Antigo Testamento hebraico, grego, latim, aramaico, etc; e o mesmo texto do Novo Testamento grego, latim, cóptico etc. Ambos examinam os mesmos manuscritos e as mesmas leituras variantes encontradas nos manuscritos. Ao examinar o texto, as mesmas regras são aplicadas por crentes e não crentes e as mesmas conclusões são tiradas. Portanto, a prática da crítica textual não é um campo de batalha entre crentes e descrentes.

A prática da crítica textual não é fácil. É importante deixar isso bem claro. Deve-se tentar reconstruir um documento trabalhando com paciência, perseverança, método de anotação, análise com as evidências existentes. Às vezes há uma abundância de evidências para ajudar a reconstruir um texto, enquanto outras vezes há poucas evidências. Seja qual for o caso, reconstruir um texto antigo é um trabalho árduo, uma arte e uma ciência. É uma ciência porque existem certas regras a serem seguidas, mas é uma arte porque essas regras não podem ser aplicadas de forma mecânica, é preciso sensibilidade.

O presente texto da Bíblia que temos em nossas mãos é uma representação precisa do original, esta é uma conclusão que existe com base no trabalho da crítica textual a partir dos milhares de manuscritos que temos.

Algo precisa ser dito sobre aonde as evidências da crítica textual dos manuscritos bíblicos nos levam. Todos os fatos presentes relacionados ao estudo da crítica textual, provam que o texto da Bíblia nos foi transmitido de maneira muito precisa. Podemos ter certeza de que a Bíblia que lemos hoje representa o que foi originalmente escrito. Consequentemente, traduções competentes das Escrituras são a Palavra de Deus autorizada. Podemos lê-las com confiança e contar com as promessas contidas em suas páginas.

O grande estudioso textual do século passado, Sir Frederic Kenyon, colocou desta forma:

“O cristão pode tomar toda a Bíblia em suas mãos e dizer sem medo ou hesitação que contém nela a verdadeira Palavra de Deus, transmitida sem perdas essenciais de geração em geração ao longo dos séculos” (Sir Frederic Kenyon, Our Bible and the Ancient Manuscripts, New York, Harper and Row, 1958, p. 55).

Mesmo se adotássemos todas as leituras alternativas possíveis encontradas nos manuscritos hebraicos e gregos, tirando aquilo que se encontra sob suspeita, o texto bíblico ainda seria basicamente o mesmo! Isto é, a história de Deus, de seu povo, de sua Igreja na Bíblia seria essencialmente a mesma, e o leitor receberia a mesma mensagem central de quem é Deus e o que Ele deseja de nós, de Sua criação.

Portanto, quando colocamos a Bíblia por meio da arte e da ciência da crítica textual, ela demonstra que a Palavra de Deus vem em alto e bom som

Em síntese, podemos dizer o seguinte: Quando o primeiro livro da Bíblia foi escrito, o texto começou a ser transmitido em várias cópias. O texto continuou a ser transmitido por cópias manuscritas até a invenção da impressão no século XV. A crítica textual é uma ciência que tenta estabelecer o texto correto de um documento. É aplicado a obras seculares e também sagradas. As regras para sua prática são as mesmas, quer o texto seja sagrado ou secular. O crítico textual trabalha com os materiais disponíveis e retrocede para estabelecer, da melhor maneira possível, como o texto foi originalmente lido.

A crítica textual é necessária em ambos os testamentos. Os originais de cada livro do Antigo Testamento não existem mais. As cópias que ainda existem têm diferentes leituras no texto. A crítica textual também é necessária para o Novo Testamento. Os originais não existem mais, os manuscritos existentes diferem uns dos outros e há uma abundância de material a ser considerado.

Portanto, para recuperar a redação original da Escritura, a ciência da crítica textual deve ser aplicada.

Também observamos que a crítica textual não se limita à Bíblia - todo documento sem um original deve ser submetido à crítica textual. As mesmas regras se aplicam a crentes e descrentes que praticam esta disciplina.

A crítica textual é uma ciência e uma arte. Tem regras, mas não devem ser aplicadas mecanicamente. Por fim, é importante enfatizar que o texto que temos hoje é uma representação precisa do original e nisso vemos a Mãos do Senhor e o louvamos por isso.

Sites

Textos de estudos bíblicos e devocionais do Pastor Washington Roberto Nascimento além de áudios e vídeos - https://www.igrejabatistasiaospa.com.br/index.php

Canal no youtube do Pastor Washington Roberto Nascimento –

https://www.youtube.com/channel/UCmhBWUfpD1-Arj106lou-KQ

Sites para consulta de centenas de manuscritos unciais (com letras maiúsculas) e com letras minúsculas.

http://www.kchanson.com/papyri.html#GC

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_dos_papiros_do_Novo_Testamento

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_dos_papiros_do_Novo_Testamento

https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Hebrew_Bible_manuscripts#:~:text=Codex%20Leningradensis%20is%20the%20oldest,survived%20in%20a%20fragmentary%20condition.

https://biblearchaeologyreport.com/2019/02/06/the-three-oldest-biblical-texts/

http://www.csntm.org/Manuscript

http://www.christianlibrary.org/authors/Jeffrey_W_Hamilton/LVarticles/AuthenticityOfMark16920.html


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Pneumatologia - A Doutrina do Espírito Santo.

                                     CETEPAV - CENTRO TEOLÓGICO PALAVRA DE VIDA,






                                       Pneumatologia - A Doutrina do Espírito Santo.

1 - A divindade do Espírito Santo.

Tudo o que vamos falar acerca do Espírito Santo, terá uma abordagem teológica, significa dizer que há um consenso no meio cristão quanto a divindade do Espírito Santo. O eterno Deus, o Pai, revela muito
de si mesmo nas Páginas Sagradas; de igual modo, o Filho. Mas o divino Consolador, não. Daí tratar-se este assunto de um insondável mistério, do qual devemos nos acercar primeiramente pela fé em Cristo (Rm 3.27). 
Nós não encontraremos na Bíblia qualquer discussão sobre esse tema, portanto, se a Bíblia não se encarrega de tal análise, vale dizer que, ao homem também foi vedada essa possibilidade, não há nem filosófica e nem teologicamente nada que o defina.
Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir.
João 16:13.



A ilustração acima nos traz a ideia da existência de um só Deus, Deuteronômio 6, 4: "Ouve, ó Israel: o Senhor é o nosso Deus, o Senhor é Um". 
Não há como levar adiante a compreensão de que existem três Deuses distintos, no paganismo politeísta sim, essa ideia é difundida em grande escala. Para o cristianismo, Deus é complexo, além do nosso entendimento, Deus é um ser só, mas um ser que subsiste em três pessoas distintas, como explicar isso, não há explicação, pois, ultrapassa nosso entendimento.

Fuja das analogias que tentam explicar o conceito da Triunidade. Lembre-se que o Pai é plenamente divino, o Filho é plenamente divino e o Espírito Santo é plenamente divino, dessa forma precisamos ter em mente que, o Pai não é o Espírito, o Filho não é o Pai e o Espírito não é o Filho.




Unidade da Trindade.
Igualdade entre as Pessoas.
Diversidade.

Quando erramos na diversidade, caímos no modalismo, como se cada uma das pessoas fosse uma variação da divindade.
Quando erramos na unidade, caímos no conceito de politeísmo, pensando que. na verdade estamos tratando de três deuses.
Quando erramos na igualdade, caímos no subordinacionismo, em que uma divindade está subordinada a outra, ou seja, uma pessoa teria um certo grau de superioridade sobre outra pessoa, não é o caso.

Essa unidade de estudo abordará a Teologia Sistemática, a Teologia Bíblica tratando da exegese, o entendimento dos textos e a Teologia Histórica, essa integração nos levará ao aprofundamento em diversas áreas que culminará na íntegra do nosso conhecimento. Precisamos, portanto, cercar esse assunto com a máxima compreensão das questões que envolvem a Trindade. [1]

Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. 
João 16:13.
Dentro da Teologia Sistemática o termo Trindade parece estar pacificado, como vemos na obra em uso para este módulo de estudos, porém, na Teologia Bíblica, por faltar o termo exato Trindade, centenas e milhares de teorias surgiram para tentar explicar a realidade da Trindade dentro das Sagradas Escrituras, o texto mais empregado como "prova" da Trindade na Bíblia é Lucas 3: 21,22.

E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus; e, estando ele a orar, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo. 

E quando falamos de Teologia Histórica, precisamos buscar fatos que foram introduzidos nas primeiras comunidades cristãs, colocando em duvida a própria Trindade, no Concílio de Constantinopla 381 EC, algumas dessas dúvidas foram "sanadas." 

Confirmação da doutrina da Trindade: O Concílio de Constantinopla confirmou a doutrina da Trindade, que afirmava que Deus existia em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Além disso, a posição do Espírito Santo como uma pessoa divina igual em essência ao Pai e ao Filho foi confirmada.

O Espírito Santo, como Deus, age de maneira multiforme. Em I Coríntios 2.4-12, o Espírito de Deus é mencionado de modo enfático como devendo ter toda primazia em nossas vidas, em nosso meio e em nosso trabalho. O espírito do homem, mencionado no versículo I I , só entende as coisas humanas, terrenas, naturais (Pv 20.27; 27.19; Jr 17.9). Nossa santificação deve, pois, prevalecer em nosso espírito, e daí abranger alma e corpo (I Ts 5.23). Na primeira passagem em apreço, o “espírito do mundo” também é mencionado (v. 12), o qual é pecaminoso e nocivo ao cristão. O aviso sobre isso, na Palavra de Deus, é enfático e claro (I Jo 2.15-17; 5.19; Jo 14.30; 17.14,16).

Seis diferentes “coisas” aparecem na passagem de I Coríntios 2.9-16: ( I ) as que Deus preparou para os que o amam (v.9); (2) as das profundezas de Deus (v. 10); (3) as do homem (v.I I); (4) as de Deus (v.I I); (5) as espirituais (v. 13); e (6) as do Espírito de Deus (v. 14). Um a dessas “coisas” alude à esfera humana; as demais são da parte de Deus. Isso denota a sua multiforme ação. Ainda tomando como base o texto de I Coríntios 2.4-14, vemos que o
Espírito Santo é mencionado juntamente com o Senhor Deus (vv.5,7,9-12,14). 

A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.

2 - Os atributos divinos do Espírito Santo.


Onipotência. O divino Consolador tem pleno poder sobre todas as coisas (SI 104.30). O Espírito Santo tem poder próprio. É dele que flui a vida, em suas dimensões e sentidos bem como o poder de Deus (SI 104.30; E f 3.16; At 1.8).
Isso é uma evidência da deidade do Espírito Santo. Ele tem autoridade e poder inerentes, como vemos em toda a Bíblia, máxime em o Novo Testamento.
Em I Coríntios 2.4, na única referência (no original) em que aparece o termo traduzido por “demonstração do Espírito Santo”, (ἀποδείξει Πνεύματος καὶ δυνάμεως) designa-se literalmente uma demonstração operacional, prática e imediata na mente e na vida dos ouvintes do evangelho de Cristo.
O poder do Espírito Santo, que evidencia a sua deidade, é também revelado em
passagens como Lucas 1.35, Jó 26.13 e 33.4, Salmos 33.6 e Gênesis 1.1,2. Esse divino
poder, como já afirmamos, é liberado através da pregação do evangelho de Cristo:

1) N a conversão dos ouvintes (At 2.37,38).
2) No batismo com o Espírito Santo para os novos crentes (At 10.44).
3) N a expulsão de espíritos malignos (At 8.6,7; Lc 11.20).
4) N a cura divina dos enfermos (At 3.6-8).
5) N a obediência dos crentes ao Senhor (Rm 16.19)

Onisciência. Esta é mais uma evidência da deidade do Espírito Santo, o qual 
sabe e conhece todas as coisas (I Co 2.10,11). Isso é um fato solene, mormente se considerarmos que Ele habita em nós: “habita convosco, e estará em vós” (Jo 14.17). A primeira parte dessa declaração de Jesus indica a permanência do Espírito Santo em nós (“habita convosco”); e a segunda, a sua presença constante dentro de nós ( “e estará em vós”).
Onipresença. O Espírito Santo está presente em todo lugar (SI 139.7-10; I Co 2.10). Atentemos para duas ênfases contidas nesses textos que evidenciam a onipresença do Espírito: “Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua face?” e “O Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus”.

Eternidade. Ele é infinito em existência; sem princípio; sem fim; sem limitação
de tempo (Hb 9.14). Ele estava presente no princípio, quando todas as coisas
foram criadas (Gn 1.1,2).
Outros atributos. O Espírito de Deus é denominado Senhor (2 Co 3.16-18); é descrito como Criador (Jó 26.13; 33.4; SI 33.4; 104.3; Gn 1.1,2; Ez 37.9,10); e é classificado e mencionado juntamente com o Pai e o Filho, o que, claramente, é uma grande evidência da sua divindade.
Eternidade. Ele é infinito em existência; sem princípio; sem fim; sem limitação de tempo (H b 9.14). Ele estava presente no princípio, quando todas as coisas foram criadas (Gn 1.1,2).

Outros atributos. O Espírito de Deus é denominado Senhor (2 Co 3.16-18); é descrito como Criador (Jó 26.13; 33.4; SI 33.4; 104.3; Gn 1.1,2; Ez 37.9,10); e é classificado e mencionado juntamente com o Pai e o Filho, o que, claramente, é uma grande evidência da sua divindade.
1) N a fórmula doutrinária do batismo nas águas (M t 28.19). Aqui a Bíblia não diz “nos nomes”, como se as três Pessoas da santíssima Trindade fossem uma só, mas “em nome” — singular — , distinguindo cada Pessoa existente em Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
2) Na invocação da bênção tríplice sobre a igreja (2 Co 13.13).
3) Na doutrina da habitação do Espírito Santo no crente (Rm 8.9).
4) N a descrição bíblica do estado do crente diante de Deus (I Pe 1.2).
5) Nas diretrizes ao povo de Deus (Jd vv.20,2I). Aqui o Espírito Santo é mencionado primeiro; em seguida, o Pai; por fim, o Filho.
6) N a doutrina da unidade da fé cristã (E f 4.4-6). Aqui também o Espírito é mencionado em primeiro lugar, seguido do Senhor Jesus e de Deus, o Pai.
7) N a saudação bíblica às sete igrejas da Asia (Ap 1.4,5).

3 - A Personalidade do Espírito Santo.

O que é personalidade? È o conjunto de atributos de várias categorias que caracterizam uma pessoa.
No seu aspecto psíquico, a personalidade consiste de intelecto, sensibilidade e vontade.
Os três são também chamados de inteligência, afetividade e autodeterminação.
No Espírito Santo vemos essa triplicidade de atributos da personalidade, a saber: intelecto: “ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus” (I Co 2 .1 1); sensibilidade: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus” (Ef 4.30); e vontade: “[O Espírito] repartindo particularmente a cada um como
quer” (I Co 12.1 1) e “a intenção do Espírito” (Rm 8.27). Como membro da unidade trina de Deus, o Espírito Santo é, pois, uma Pessoa. 
O fato de o Espírito ser um com Deus, com Cristo e, ao mesmo tempo, distinto deles é parte, como já dissemos, do grande e insondável mistério da Trindade Santa para a mente humana. O Espírito de Deus não é tão somente uma influência, um poder, uma energia, uma unção como os heréticos concluem
por si e assim ensinam, mas uma Pessoa divina e real.

4 - Terceira Pessoa da Trindade.

Deus é uno e, ao mesmo tempo, triúno (Gn 1.1, 26; 3.22; 11.7; D t 6.4; I Jo 5.7).
O Pai, o Filho e o Espírito são três divinas e distintas Pessoas. São verdades bíblicas que transcendem a razão humana e as aceitamos alegremente pela fé. A fé em Deus deve preceder a doutrina (I Tm 4.6).
Se a unidade composta do homem  espírito, alma e corpo  continua como um fato inexplicável para a ciência e para os homens mais sábios e santos, quanto mais a triunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo!
As três divinas Pessoas da Trindade são coeternas e iguais entre si. Mas, em suas operações concernentes à criação e à redenção, Deus, o Pai, planejou a criação de tudo (E f 3.9); Deus, o Filho, executou o plano, criando (Jo 1.3; Cl L I 6; H b 1.2; 1 1.3); e Deus, o Espírito Santo, vivificou, ordenou, pôs tudo, todo o universo, em ação: desde a partícula infinitesimal e invisível até ao super macroscópico objeto existente (Jó 33.4; Jo 6.63; G1 6.8; SI 33.6; T t 3.5). O u seja, o Pai domina, o Filho realiza, e o Espírito Santo vivifica, preserva e sustenta.

Na redenção da humanidade, o Pai planejou a salvação, no céu; o Filho consumou-a, na terra; e o Espírito Santo realiza e aplica essa tão grande salvação à pessoa humana. Entretanto, num exame cuidadoso da Bíblia vemos que, em qualquer desses atos divinos, as três Pessoas da Trindade estão presentes.

Uma tentativa de definição do trino Deus é: Deus Pai é a plenitude da divindade invisível (Jo I.1 8). Deus Filho é a plenitude da divindade manifesta (Jo I.I-I7 ). Deus Espírito Santo é a plenitude da divindade operando na criatura (I Co 2.12-16).
Para os sentidos físicos do homem, por condescendência de Deus, vemos as três Pessoas da Trindade no batismo de Jesus. O Pai eterno falou do céu, o Espírito Santo desceu em forma visível de pomba  uma alegoria , e o Filho estava sendo batizado no rio Jordão, para cumprir toda a justiça (M t 3.16,17).

[1] Nota do autor.
Teologia Sistemática Pentecostal - Antonio Gilberto - Página 174-179.

CETEPAV - CENTRO TEOLÓGICO PALAVRA DE VIDA.

PNEUMATOLOGIA - A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO.

A Atuação do Espírito Santo a Partir do Pentecostes.

Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem, na
presença de Deus, pela manifestação da verdade.
2 Coríntios 4:2.
Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no amor que há em
Cristo Jesus. 1Timóteo 1:13.
Os quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi
avisado, estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o
modelo que no monte se te mostrou. Hebreus 8:5.
Há um padrão ético que precisa ser seguido com intensa fidelidade, não pode haver espaços
para reformas segundo os padrões humanos, se deixar por conta do pensamento e habilidade
do homem, por óbvio haverá um naufrágio (N.E.).

E os que a edificam devem atentar para o que está escrito em I Coríntios 3.10: “Segundo a
graça de Deus que foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre
ele; mas veja cada um como edifica sobre ele”, pois a obra de cada um se manifestará (v. 13).
Cuidado, os edificadores da igreja; os que fazem discípulos para o Senhor (Mt 28.19).
Os discípulos de Jesus recebem a grande comissão, porém, em certo ponto, se viram órfãos e
presumiram em seus corações que a promessa do Consolador estava de certa forma
demorando em seu cumprimento, essa realidade podemos perceber quando lemos João 21,
porém, Jesus mais uma vez se manifesta aos seus Talmidim, informando-os que eles deveriam
retornar ao local indicado para que então a promessa do Pai se cumprisse, o dia de
Pentecostes.

O significado de Pentecostes.

Em Levítico 23, Deus estabeleceu sete festas sagradas para Israel observar, as quais
prefiguravam, de antemão, todo o curso da história da igreja. Essas festas sagradas falam
também do caráter alegre que caracterizaria a igreja, pois festa pressupõe alegria. E Jesus
sempre foi um homem alegre, apesar de viver à sombra da horrenda cruz!
Das sete festas sagradas de Israel, a quarta era a de Pentecostes (Lv 23.15,16), também
chamada de Festa das Semanas (D t 16.10) e Festa das Colheitas (Ex 23.16). A Festa de
Pentecostes ocorria no terceiro mês, Sivã, e durava um dia, dia 6 de Sivã, mês que
corresponde mais ou menos ao nosso junho.

A Festa de Pentecostes era precedida de três outras festas conjuntas: Páscoa: 14 de Abibe (um dia); Pães Asmos: de 15 a 22 de Abibe (sete dias); Primícias: 16 de Abibe (um dia). As três levavam oito diase eram celebradas no mês de Abibe, o primeiro do calendário sagrado de Israel. O primeiro mês do calendário civil era Tisri, que corresponde mais ou menos ao nosso outubro.
Pentecostes era a festa central das sete que o Senhor determinou para Israel observar, conforme Levítico 23. Ou seja, eram realizadas três festas antes de Pentecostes, e três, depois (3 + 1 + 3 ). Isso fala da importância do batismo com o Espírito Santo para a igreja, e do equilíbrio espiritual que resulta dele.
Ninguém sabe, ao certo, o dia do Natal de Cristo, nem o da sua morte, porém todos sabem o dia da sua ressurreição (primeiro dia da semana), bem como o dia de Pentecostes (quinquagésimo dia após as Primícias). Depois das Primícias, contavam se sete semanas, vindo a seguir o dia de Pentecostes (7x7 semanas mais um dia= 50 dias).

Há, pois, uma profecia típica na Festa de Pentecostes, que falava da ressurreição de Cristo (Lv 23.15; I Co 15.20). Isso mostra também que sem Páscoa — isto é, o Cordeiro de Deus morto e ressurreto não teríamos Pentecostes!
Mas faz-se necessário explicar a profecia típica da Festa de Pentecostes. Na festa das Primícias era movido perante o Senhor um molho (um feixe) de espigas de trigo (Lv 23.10,11). N a Festa de Pentecostes eram movidos perante o Senhor dois pães de trigo (Lv 23.15-17). Isso falava da igreja, que seria composta de judeus e gentios — formando um só corpo, o Corpo de Cristo (E f 2.14; Jo 11.52). Quanto ao feixe de espigas, isso fala de união, mas os pães vão além: representam unidade (E f 4.3). Num a espiga, como é fácil verificar, os grãos estão presos a ela, mas distintos uns dos outros.

Um som vindo do céu.

No dia do prometido derramamento de poder celestial, a Palavra de Deus diz que veio do céu um som como de um vento (At 2.2). O que está ocorrendo atualmente em sua vida, em sua igreja, em seu movimento religioso? Isso tudo vem mesmo do céu? O u vem simplesmente dos homens? Leia Jeremias 17.9. Ou vem do astuto Enganador?
É importante que reflitamos sobre a origem daquilo que sentimos. O verdadeiro revestimento de poder do Espírito vem do Alto (Lc 24.49; At 11.15), mas a Palavra de Deus nos alerta
quanto a “outro espírito” (2 Co II.4 ).

Sabemos que no Cenáculo as pessoas se reuniram em torno de um propósito: Aguardar a promessa do Pai, observe porém que, já naqueles tempos haviam pessoas que não perseveravam conjuntamente com os outros, o retrato típico da emoção posta à frente da razão, a falta de confiança nas promessas de Deus nos leva para longe dos Seus propósitos, Deus sempre levantará um remanescente, não tem a ver com o ser, mas sim, com aquilo que Ele prometeu, o cumprimento é certo, mais uma vez, não depende do homem. Devemos atentar para tanto, que o Espírito Santo se manifestou muito antes dessa data, isso significa que, a ação do Espírito Santo é conhecida desde a criação de todas as coisas, o Espírito de Deus, se fez presente no evento da criação.

Ministrações do Espírito ao Crente.

O novo nascimento pelo Espírito (Jo 3,3-8). O novo nascimento abrange a regeneração e a conversão, que são dois lados de uma só realidade. Enquanto a regeneração enfatiza o nosso interior, a conversão, o nosso exterior. Quem diz ser nascido de novo deve demonstrar isso no seu dia-a-dia. A expressão “de novo” (v.3), de acordo com o texto original, significa “nascer do Alto, de cima, das alturas”. Isto quer dizer que se trata de um nascimento espiritual realizado pelo Espírito Santo. O homem natural, portanto, desconhece esse novo nascimento (vv.4-12; Jo 16.7-11 ;T t 3.5).

A habitação do Espirito no crente (Jo 14.16,17; Rm 8.9). N o Antigo Testamento, o Espírito agia entre o povo de Deus (Ag 2.5; Is 63.1 Ib), mas com o advento de Cristo e por sua mediação, o Espírito habita no crente (Jo 20.21,22). Este privilégio é também reafirmado em I Coríntios 3.16; 6.19; 2 Coríntios 6.16; e Gaiatas 4.6. O testemunho do Espírito de que somos filhos de Deus (Rm 8.15,16). Esse testemunho é uma plena convicção produzida no crente pelo Espírito Santo de que Deus é o nosso Pai celeste (v. 15) e de que somos filhos de Deus: Ό mesmo Espírito testifica... que somos filhos de Deus” (v. 16). E, pois, um testemunho objetivo e subjetivo, da parte do Espírito Santo, concernente a nossa salvação em Cristo.

A santificação posicionai do crente. A santificação sob este aspecto é perfeita e completa “em Cristo”, mediante a fé. Ela ocorre por ocasião do novo nascimento (I Co 1.2; H b 10.10; Cl 2.10; I Jo 4.17; Fp I.I), sendo simultânea com a justificação “em Cristo” (I Co 6.11; G1 2.17a).
O batismo “do”ou “pelo”Espírito Santo (I Co 12.13; G13.27; Rm 6.3). Este batismo “do” ou “pelo” Espírito é algo tão real, apesar de ser espiritual, que a Bíblia o denomina como “batismo”. Em todo batismo, é evidente, há três pontos inerentes: um batizador; um batizando; e um meio em que o candidato é imerso. O batismo “com” ou “no”Espírito Santo (At 1.4, 5, 8; 2.1-4; 10.44-46; 11.16; 19.2-6). A evidência física desse glorioso batismo são as línguas sobrenaturais faladas pelo crente conforme o Espírito concede. È uma ministração de poder do Alto pelo Espírito, provida pelo Pai, mediante o Senhor Jesus (Jo 14.26; At 2.32,33). Como esse assunto merece um tópico à parte, o analisaremos abaixo.

No batismo pelo Espírito Santo, o batizador é o Espírito de Deus (I Co 12.13); o batizando é o novo convertido; e o elemento em que o recém-convertido é imerso, a Igreja, como corpo místico de Cristo (I Co 12.27; E f 1.22, 23).
Portanto, o Espírito Santo realiza esse batismo espiritual no momento da nossa conversão, inserindo o crente na Igreja (M t 16.18). Logo, todos os salvos são batizados “pelo” Espírito Santo para pertencerem ao corpo de Cristo — a Igreja, mas nem todos são batizados “com” ou “no” Espírito. A santificação progressiva do crente (I Pe 1.15,16; 2 Co 7.1; 3.17,18). Essa verdade é declarada no texto original de Hebreus 10.10,14. No versículo 10, a ênfase recai sobre o estado ou a posição do crente — santo: “Temos sido santificados”. O versículo 14, no entanto, não só reafirma o estado anterior, “santo”, como declara o processo contínuo de santificação em nosso viver aqui e agora proveniente de tal posição: “sendo santificados”.

A oração no Espírito (Rm 8.26, 27; E f 6.18; Jd v.20; Zc 12.10; I Co 14.14,

15). Esta ministração do Espírito no crente, capacita-o a orar, inclusive a interceder por outros. Logo, só podemos orar de modo eficaz se formos assistidos e vivificados pelo Espírito Santo. A “oração no Espírito” de que trata Judas, no versículo 20, refere-se a essa capacidade concedida pelo Espírito.
O Espírito Santo como selo e penhor (2 Co 1.22; Ef I.I3, 14; 4.30; 2 Co 5.5). Devemos observar que, nos tempos bíblicos, o selo era usado para designar a posse de uma pessoa sobre algum objeto ou coisa por ela selada. Por conseguinte, indicava propriedade particular, segurança e garantia. Este selo, portanto, não é o batismo com o Espírito Santo, mas a habitação do Espírito no crente, como prova de que o mesmo é propriedade particular de Deus.

Juntamente com o selo é mencionado o “penhor da nossa herança” (Ef I.I4).
De modo semelhante ao selo, o penhor era o primeiro pagamento efetuado na aquisição de uma propriedade. Mediante esse “depósito”, a pessoa assegurava o objeto como sua propriedade exclusiva. Assim, o Senhor deu-nos o Espírito Santo, como garantia de que somos sua propriedade exclusiva e intransferível. O Senhor Jesus “investiu” em nós imensuráveis riquezas do Espírito como penhor ou garantia de que muito em breve Ele virá para levar para Si sua propriedade peculiar, a Igreja de Deus (T t 2.14).

A unção do Espírito para 0 serviço. Jesus, nosso exemplo, foi ungido com o Espírito Santo para servir (At 10.38; Lc 4.18,19). Assim também a igreja recebeu a unção coletiva do Espírito (2 Co 1.21,22), mas alguns de seus membros são individualmente ungidos para ministérios específicos, segundo os propósitos de Deus. Vejamos a unção do Espírito sobre o crente, conforme I João 2.20,27.
1) “Tendes a unção do Santo”. Esta unção santifica e separa o crente para
o serviço de Deus.
2) “E sabeis tudo”. Também proporciona conhecimento das coisas de Deus
em geral.
3) “Fica em vós” (v.27). Ê permanente no crente.
4) “Unção que vos ensina todas as coisas” (v.27). E didática, pois possibilita
ensino contínuo das coisas de Deus.
5) “E verdadeira” (v.27). Não falha, pois procede da verdade, que é Deus.
6) “E não é mentira” (v.27). È sem dolo; sem falsidade. È possível que houvesse
entre certos líderes daqueles dias uma falsa unção, que imitava a verdadeira.

Na conclusão de 2 Coríntios 3, prorrompe jubiloso o sacro escritor, a respeito da glória do ministério do Espírito: “Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (v. 18). 
Todas essas maravilhosas ministrações e dádivas do Espírito Santo, dispensadas aos filhos de Deus (2 Co 3.8), são necessárias para fazermos a obra do Senhor no poder do Espírito, a fim de que muitas almas sejam salvas.